Como limpar séculos de sujeira 01/05/2015

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(Pedro Carvalho – 01 Maio 2015)

 

Uma startup da USP promete acabar com um velho – e enorme – problema: o lixo das minas de carvão de criciúma

Durante mais de um século, as minas nas imediações de Criciúma, no sudeste catarinense, forneceram carvão para a indústria e as termelétricas do país. A atividade, porém, deixou um legado dramático. Ele está exposto em 5 mil hectares de área degradada (o equivalente a 7 mil campos de futebol), 230 minas abandonadas e três bacias hidrográficas comprometidas – hoje, dez pontos de mineração ainda funcionam por lá. “Estamos falando de um dos maiores passivos ambientais do Brasil”, diz Darlan Dias, procurador da República.

A extração produziu – e ainda produz – o que os técnicos definem como drenagem ácida. Ela ocorre porque o lixo químico deixado no solo e nas galerias, em contato com a água da chuva, leva uma série de ácidos e metais tóxicos para os rios das redondezas. Mais de mil metros cúbicos dessa porcaria são jogados por hora nas bacias catarinenses. “Os rios da região são conhecidos como ‘mortos’”, diz Elidio Angioletto, professor da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).

As soluções atuais, à base no uso de cal, são caras, pouco eficientes, deixam grandes quantidades de resíduos e criam problemas ambientais onde esse produto é extraído. Agora, após um ano e meio de testes em Criciúma, a BrasilOzônio, uma startup nascida na Universidade de São Paulo (USP), acredita ter encontrado uma forma de resolver o problema. A empresa utiliza o ozônio para limpar a água poluída. “É a primeira vez que o produto está sendo aplicado em mineração”, diz Samy Menasce, fundador da companhia. “A tecnologia retira totalmente os metais pesados da água e o resíduo, como o manganês, pode ser vendido.”

 

Prazo para resolver

No ano passado, a Justiça condenou a União e as empresas que causaram a morte dos rios de Criciúma. Até 2029, elas deverão recuperar toda a área contaminada, sob pena de multa de R$ 10 mil por hectare por mês de atraso. A União terá de limpar a sujeira de duas mineradoras que faliram (25% da área total). A recuperação somente desse trecho tem custo estimado em R$ 320 milhões. “Estamos otimistas quanto ao cumprimento desses prazos”, diz Darlan Dias, procurador da República. “Mas será importante que as novas tecnologias ajudem no processo”