Vai dar para mergulhar? 01/09/2013

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(Pedro Carvalho – 01 Setembro 2013)

 

Esta lagoa está entupida de metais pesados. uma startup inventou um jeito de limpá-la

Na região de Poços de Caldas (MG), existe um imenso buraco – e um problema que também não é pequeno. Entre 1982 e 1995, funcionou lá a primeira mina de urânio do país, que abasteceu os reatores de Angra 1 e 2. Depois que a produção se esgotou, a área escavada ficou exposta e virou uma espécie de lagoa, contaminada com metais pesados como manganês, urânio, cério, lantânio e outros. O tratamento atual limpa e devolve quase toda a água para a natureza. O problema é que, ao final, o processo produz uma lama cheia desses metais, que volta para o buraco.

O ganho é ecológico e comercial: minerais como o urânio serão vendidos

A Brasil Ozônio, empresa incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, da USP, acaba de conseguir a liberação de R$ 10 milhões do BNDES para aplicar uma solução à área. O ozônio vai reagir com os metais e fazer com que decantem. A técnica recupera a água, libera só oxigênio, não deixa lama para trás – e os metais ainda podem ser vendidos. Calcula-se que a poça de lama já tenha 300 toneladas de urânio e 4 mil de outros minerais raros. “É a primeira vez que o ozônio será usado para tratar metais pesados [hoje é empregado em dejetos industriais]”, afirma Samy Menasce, fundador da startup. “Podemos mudar o tratamento de efluentes ácidos no país”, diz Maurício Ribeiro, gerente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal que administra o local.

700 anos é o tempo estimado pela INB para que a lixiviação termine naturalmente, ou seja, para que os minerais se esgotem e parem de contaminar a água. Muito antes disso, a lama gerada pelo processo atual de limpeza não caberia mais no buraco onde está e invadiria a lagoa. O novo método não gera lama.

 

Sistema deve ser usado em minas de carvão no sul

Polo de santa catarina fez surgirem “rios mortos” e 6 mil hectares de área degradada.

A experiência em Poços de Caldas abre portas para o uso da técnica em minas de carvão, cobre, ferro, manganês e outras que geram a chamada drenagem ácida, um problema ainda sem solução definitiva. “Vamos abrir espaço nesse mercado”, afirma Menasce, da Brasil Ozônio. A Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) participa do projeto para tentar achar formas de lidar com os rios mortos da região de Criciúma, um importante polo carvoeiro que provoca considerável dano ambiental. “Temos 6 mil hectares de área degradada. Essa solução servirá para o nosso caso. Já fizemos testes em nossos rios e estamos muito entusiasmados”, diz Elidio Angioletto, professor e pesquisador da UNESC.